01/01/2008 08:27:39
Flávio Azevedo
Um dos nomes mais cotados para representar o grupo político da Deputada Federal Solange Almeida, nas eleições municipais de 2008, o vereador Reginaldo Ferreira Dutra, mais conhecido como Reis, revela ao FOLHA DA TERRA que decidiu alçar vôos mais altos na vida pública. Reis concedeu uma entrevista exclusiva, na manhã da última segunda-feira (6), no seu gabinete, onde discorreu sobre a possibilidade de aliança com o atual vice-prefeito Aires Abdala nas eleições de 2008, e afirmou que é “inoportuna” a construção de um matadouro municipal, “porque as nossas pendências são mais saúde, emprego e segurança”. O vereador também falou sobre a importância do apoio da Deputada Federal Solange Almeida, do mesmo partido que ele, o PMDB, e não quis polemizar quando perguntado sobre a possível divisão do seu grupo político, com a pré-candidatura da vereadora Rita de Cássia. Aos 43 anos, Reis é comerciante, casado, pai de dois filhos e está no seu terceiro mandato consecutivo de vereador. Ciente que está trocando uma eleição certa para o Legislativo, para apostar na corrida pelo Executivo Municipal, o vereador, também ligado ao líder do PMDB na Alerj, Deputado Estadual Paulo Melo, não teme a disputa nas urnas.
Folha da Terra – Como o senhor analisa o atual momento político de Rio Bonito, que atualmente possui representantes no governo Federal com a deputada Solange Almeida e Estadual, com o deputado Marcos Abrahão?
Reis – Para mim é um momento histórico. Além desses nomes, temos ainda Paulo Melo, Aparecida Gama, Altineu Côrtes e o senador Francisco Dornelles. Cabe agora a eles, viabilizarem os recursos necessários para que o nosso município se desenvolva. O momento é de unir forças, esquecer as diferenças partidárias e trabalhar pelo povo. Com relação a deputada Solange, precisamos aguardar, porque ela está começando. Mesmo assim, ela anunciou para os integrantes do seu grupo político, que está viabilizando, através de emenda parlamentar, uma verba de R$ 1,5 milhão para a construção do CTI do Hospital Darcy Vargas. Já o deputado Marcos Abrahão, que está no segundo mandato, poderia ter alcançado mais benefícios do Estado para a cidade, porque além das obras da Delegacia Legal e a construção de 100 casas em Boa Esperança estarem paralisadas, os Riobonitenses continuam tendo que ir para Araruama tirar a Carteira de Motorista. O nosso prefeito também pode ajudar se abrir as portas para que o município receba essas verbas.
FT – Sabendo que o senhor faz parte do grupo político do deputado Paulo Melo, o que ele tem feito para solucionar esse problema das obras paralisadas há mais de três anos?
Reis – Já conversamos com o deputado sobre isso e já enviamos ofícios para o Governo do Estado cobrando soluções. O que Paulo Melo nos diz, é que essa verba está disponível para o município e só depende do Executivo realizar um convênio com o Governo Estadual. Mas a pendência está no fato do Executivo municipal ser de um partido diferente do Executivo estadual. Como diz o ditado: “na briga do rochedo com o mar, quem sofre é o marisco”, ou seja, o povo é quem fica prejudicado.
FT - O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está prometendo uma nova realidade para a região. O senhor acredita nisso?
Reis – Acredito. Será um grande sucesso não só para Rio Bonito, mas para todo o Estado. Mas esse sucesso só irá alcançar os municípios em que as pessoas estiverem qualificadas para trabalhar no empreendimento. Se nossos representantes municipais não olharem com carinho para essa situação, corremos o risco de ver esse sucesso ir para outros municípios e Rio Bonito se tornar uma cidade dormitório.
FT – O Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) está construindo um CTI com ajuda do governo municipal e da sociedade civil organizada. O que o senhor, como vereador, pode fazer para ajudar esse sonho tornar-se realidade?
Reis – Eu acredito muito na seriedade da diretoria do hospital. Só não posso entender a postura do prefeito, que mandou uma mensagem para a Câmara de Vereadores solicitando a liberação de apenas R$ 150 mil para o HRDV, sendo que a instituição necessita de R$ 500 mil para a conclusão das obras. Inclusive, me parece que o dinheiro ainda não está na conta do hospital. Nós sabemos das dificuldades que o município atravessa, mas na outra semana, o prefeito mandou uma mensagem pedindo a liberação de R$ 1,6 milhão para a construção de um matadouro. Como entender isso? Primeiro vamos construir o CTI, depois o matadouro. Espero que ele mande uma nova mensagem liberando os R$ 350 mil que estão faltando.
FT – Mas algumas correntes dizem que se a prefeitura construir o CTI em um espaço particular será prejudicada, pois o correto seria construir seu próprio hospital. O senhor concorda com isso?
Reis – Não. É melhor ter um hospital funcionando bem, do que dois hospitais que não funcionam. Além disso, não acho que seja viável para Rio Bonito, hoje, ter dois hospitais. Seria mais vantajoso ajudar o HRDV para que ele volte a ser um hospital de referência na região. O prefeito precisa olhar para a saúde, do jeito que ele olha para as obras. Ele precisa valorizar o que nós temos e confiar na diretoria do hospital, que é composta por pessoas que confiaram nele durante a sua campanha. Temos na cidade, excelentes profissionais, mas eles não são valorizados.
FT – Embora o HRDV seja regional, o seu teto de internações não acompanhou o crescimento do município e da região. O senhor, que é ligado ao grupo político dos deputados Solange Almeida e Paulo Melo, sabe dizer se eles estão pleiteando junto ao governo federal e estadual o aumento desse número de internações para o município?
Reis – Isso realmente acontece. Os habitantes dos municípios da região são atendidos no HRDV, mas as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) referentes a esses atendimentos são mínimas. Eu conversei com Solange e Paulo Melo sobre isso, mas não obtivemos sucesso. Eu aproveito essa oportunidade para apelar aos prefeitos de Tanguá e Silva Jardim, que ajudem financeiramente o HRDV e não fiquem só pegando carona. Precisamos também, que nosso prefeito se reúna com esses prefeitos e a diretoria do hospital, para juntos solucionarem esse problema. Para esses municípios seria mais barato do que construir um hospital.
FT – A prefeitura está abrindo uma estrada que vai ligar o Green Valley ao Basílio, com o objetivo de alavancar o desenvolvimento da cidade em direção ao Condomínio Industrial. Como representante daquela localidade, como o senhor avalia essa obra?
Reis – Seria covardia minha dizer que a obra não é boa, porém acho que o momento não é oportuno. Essa obra será muito cara, e no Basílio ainda têm ruas que não têm iluminação pública, como no bairro Vale dos Ipês. Outras localidades, como São José de Braçanã, que ainda possui esgoto a céu aberto, estão esperando pavimentação e saneamento. As obras no Basílio custariam R$ 90 mil aos cofres públicos, enquanto essa estrada vai custar cerca de R$ 1 milhão. Obras desse porte deveriam ser realizadas em parceria com o Estado, deixando o recurso próprio para obras menores. Aliás, próximo dali estão o Green Valley e o loteamento Schueller, que ainda não tem asfalto.
FT – O senhor assumiu a autoria do projeto que levou água ao Conjunto Habitacional Monteiro Lobato (BNH), mas a prefeitura diz que o fornecimento foi uma iniciativa dela. Como foi que aconteceu isso?
Reis – Nesse projeto a prefeitura não tem nenhuma participação e sim o Estado, através de uma iniciativa dos deputados Solange Almeida e Paulo Melo. Houve uma conversa entre Solange e o presidente da Cedae, sobre a possibilidade de levar água para aquele bairro, que sofria há anos com a falta de água. Como as instalações já estavam prontas, bastou vontade política para a minha indicação ser aceita. Aliás, no dia que entregamos a água naquele bairro, não apareceu ninguém da prefeitura. Agora estamos lutando para conseguir água para Boa Esperança e Rio dos Índios de Dentro, na Praça Cruzeiro.
FT – O Secretário de Obras Ronen Antunes anunciou há alguns meses que a prefeitura, com recursos próprios, além de estar adquirindo uma bomba para trazer água da Vertente para o Parque Andréia, limpou e tratou um poço que existe próximo ao posto policial para abastecer as residências de Boa Esperança. O senhor tem conhecimento dessas obras? Qual seria a participação do Estado?
Reis – Se o município está fazendo obras em Boa Esperança eu não sei, porque eu não tenho andando naquele bairro. Mas o projeto do Estado para aquela localidade e para o Rio dos Índios ainda está em estudos. Se a comunidade do 2º Distrito já tem água, é uma realização da prefeitura, mas eu não acredito, porque aquele pessoal continua sofrendo com esse problema. Tomara que seja verdade e que seja uma água tratada.
FT – Retornando ao assunto do matadouro, o prefeito José Luiz mandou um recado aos vereadores que votaram contra o projeto: “que eles sugiram uma alternativa, porque do jeito que está não pode continuar”. O que o senhor responderia o prefeito?
Reis – Não podemos permitir que a vaidade domine as nossas ações. Muitos municípios maiores em arrecadação que Rio Bonito não tem matadouro. Nós precisamos nos preocupar com a saúde do munícipes. Quando nós rejeitamos a mensagem, não foi porque não seria importante a construção do matadouro, mas porque o momento não é oportuno. Como podemos construir um matadouro, enquanto os Postos de Saúde e Programas de Saúde da Família estão enfrentando falta de médicos e remédios? As pessoas que necessitam fazer um simples exame de sangue estão tendo que esperar três meses para fazer os exames. Os Postos de Saúde de Braçanã e Lavras estão caindo aos pedaços e não foram sequer reformados. Em Nova Cidade, onde o vereador Jorge Brandão, que é médico atende, o posto está sem condições de trabalho. Além disso, vários exames estão sendo realizados fora de Rio Bonito. Vamos resolver nossas pendências com a saúde, emprego e segurança, para então pensarmos no matadouro.
FT – Fazendo uma análise da administração do prefeito José Luiz, quais os pontos que o senhor destaca como positivo e quais os negativos?
Reis – A administração está regular. Está indo bem em alguns setores e mal em outros. A Secretaria de Obras está bem, a Secretaria de Educação está regular e a Secretaria de Saúde está péssima. Além dessas, a Secretaria de Agricultura não existe, a Secretaria de Bem Estar Social vai mal e na Secretaria de Meio Ambiente, embora a secretária tenha competência, não têm condições de trabalho. O que eu vejo funcionar é a Secretaria de Obras, mesmo assim, com ressalvas. As obras do Mercado Municipal e a área de lazer na Serra do Sambê são louváveis, mas a calçada e a ciclovia da Bela Vista e as obras da antiga Nacional Diesel não são prioridade. Ao contrário do que disse o deputado Marcos Abrahão, a Nadisa não deveria sediar uma fábrica, porque ali perto está o Condomínio Industrial. Poderíamos construir ali, uma rodoviária intermunicipal, um rodoshopping ou a nossa faculdade. Penso que o governo poderia estar bem melhor, até porque, foi prometido um município modelo e essa promessa não foi cumprida. Torço para acontecer, mas acho difícil.
FT – O senhor confirma que é pré-candidato a prefeito de Rio Bonito?
Reis – Sim. Foi feita uma pesquisa popular com nomes do grupo político da Deputada Solange e meu nome foi o mais citado.
FT – Existe a possibilidade de o senhor compor com alguém que não seja do grupo da deputada Solange Almeida?
Reis – Sim. Nós precisamos unir forças. Mas tem que ser uma união verdadeira e não essa que foi feita e não funcionou. Sou humilde e aceito ajuda, pois sem parceria não é possível alcançar a vitória. Espero que isso aconteça.
FT – Apesar de o deputado Marcos Abrahão ter afirmado que não faz acordo com ninguém, se ele mudar de idéia, o senhor aceita compor com ele?
Reis – Com certeza. Eu não entendi as palavras do nosso colega. Acho que ele não foi muito feliz na sua colocação. Aliás, eu conto sim com o apoio do nosso deputado estadual, para juntos ganharmos a prefeitura, pois é uma parceria importante.
FT – Embora o nome do senhor tenha sido anunciado como o pré-candidato do grupo da deputada Solange Almeida, uma corrente dentro desse mesmo grupo tem preferência pela vereadora Rita de Cássia, que já afirmou ter projetos melhores do que os seus para Rio Bonito. Como administrar essa situação?
Reis – Respeito a posição dela, mas estou convicto da minha pré-candidatura. Tenho o apoio do grupo da deputada Solange Almeida, dos vereadores em exercício e dos candidatos a vereador do nosso grupo. Desejo boa sorte a colega. Seria bom caminharmos juntos, mas respeito sua posição, pois ela foi uma excelente secretária, está sendo uma boa vereadora, mas foi feita uma pesquisa e eu fui vencedor. Quero aproveitar para agradecer ao vereador Carlos Cordeiro Neto (Caneco), que era um dos pré-candidatos do grupo, e quando viu o resultado da pesquisa retirou o seu nome.
FT – Existe uma especulação de que o senhor irá compor com o atual vice-prefeito Aires Abdalla. O senhor confirma essa negociação?
Reis – Nós temos conversado com Aires Abdalla. É uma pessoa que tem um currículo muito interessante, uma bagagem enorme e nós o convidamos para participar do nosso grupo político. Ele já concordou em vir, não como vice, mas concordou em trocar de lado.
FT – Outra corrente já diz que a deputada Solange Almeida seria sua vice-prefeita nessa disputa. Existe essa possibilidade?
Reis – Sim. Ela disse que se for preciso faria essa composição, porque não perderia o mandato em Brasília. Seria importante, mas está muito cedo para definir essas coisas.
FT – Mas na última semana, pessoas ligadas a deputada Solange Almeida comentavam que ela seria candidata ao Executivo, já que nem o senhor, nem a vereadora Rita de Cássia estão dispostos a abrir mão da candidatura, causando divisão no grupo, o que consequentemente daria a vitória ao grupo adversário. O senhor confirma isso?
Reis – Não acredito que isso venha acontecer. A saída de Solange de Brasília seria uma perda muito grande para o nosso município e para o Estado. Seria frustrante depois de lutarmos tanto para conseguirmos essa representatividade. Pelo que nós conversamos e pelo que conheço dela, não existe chance disso acontecer. A deputada está muito empolgada com a sua atuação em Brasília e a possibilidade de conseguir recursos para o desenvolvimento de Rio Bonito e região. O candidato de Solange Almeida sou eu, temos conversado bastante sobre isso e até já saímos juntos visitando as lideranças políticas das comunidades. Além disso, ela acredita muito na minha campanha e na vitória.
FT – Na entrevista que nos concedeu recentemente, o deputado Marcos Abrahão classificou os nomes sugeridos pelo grupo político dos deputados Solange e Paulo Melo como “marionetes”. Por que o deputado diz isso?
Reis – Eu não entendi as palavras do colega, porque quando eu comecei a apoiar o deputado Paulo Melo, nós demos a ele, na primeira eleição, cerca de 4 mil votos. Na segunda eleição, esse número foi ampliado para 6 mil. Acho que se fôssemos marionetes, não teríamos essa expressão de voto. Sou uma pessoa de bem, vereador há três mandatos e já presidi a Câmara de Vereadores. Acho que essa foi mais uma de suas declarações infelizes.
FT – Alguns vereadores não têm a postura firme. Hora apóiam a oposição, hora apóiam a situação. Como um dos líderes da oposição, como senhor avalia essa postura?
Reis – Eu não sou favorável a essa postura de ficar em cima do muro. Na vida temos que nos posicionar. Situação ou oposição. Mas, que seja uma oposição que não prejudique o povo. Nós só rejeitamos o que não é favorável ao município. Aqueles que agem assim eu respeito. Nós temos 10 vereadores e cada um tem sua maneira de agir. Apesar das nossas diferenças, somos todos bons amigos e nos damos muito bem. Alguns ajudam o prefeito e outros fazem oposição, mas tenho certeza que na reta final a maioria estará me ajudando.
FT – Que análise o senhor faz da classe política, que está tão desgastada com inúmeros escândalos que surgem todos os dias?
Reis – A cabeça do eleitor realmente fica confusa com a bandidagem que surge no meio político. Isso prova que escolaridade não governa, pois os escândalos estão acontecendo entre aqueles políticos mais letrados. No judiciário, por exemplo, que também está manchado com os escândalos, só tem pessoas inteligentes e com estudo. Eu quero aproveitar a oportunidade para apelar ao povo, para que eles pensem com carinho na hora de votar. Eu sei que fica difícil acreditar em alguém, mas existem pessoas de bem que querem o melhor para o nosso município. Como diz o deputado Paulo Melo, político tem que ter vergonha na cara.
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