17/07/2008 09:13:27
Flávio Azevedo
O analista de sistema Matheus Rodrigues da Costa Neto, aos 32 anos é o nome mais comentado no meio político riobonitense nos últimos quinze dias. Tudo isso porque a sua campanha de vereador – considerada como uma vitória certa nas urnas – deu lugar a uma candidatura a vice-prefeito que o próprio Matheus considera “uma surpresa”. Filho da professora Darcy Alves Rotondaro e do saudoso farmacêutico Matheuzinho, ele é casado há seis anos com a enfermeira Elaine Correia Rodrigues da Costa. Ex-assessor especial da Secretaria de Saúde do município, ele se afastou em maio das funções, para disputar as eleições. No último domingo (6), Matheus foi entrevistado por Flávio Azevedo, no programa “O Tempo em Rio Bonito”, da Rádio Sambê FM (105,9). Entre outros assuntos abordados, como saúde, ele comentou sobre a decisão de ser vice na chapa do atual chefe do Executivo: “Creio que como vice-prefeito a minha colaboração será mais abrangente do que na Câmara de Vereadores”, disse.
Flávio Azevedo – Depois de uma longa espera, entre tantos nomes o senhor foi escolhido para ser o vice do prefeito José Luiz Antunes, que tenta a reeleição. Como foi esse processo?
Matheus Neto – Surpreendeu até a mim, porque eu estava trabalhando para ser candidato a vereador. Mas o trabalho foi tão bom que tomou uma proporção inesperada. Confesso que eu não imaginava essa possibilidade. Entendo que existiam outros nomes que poderiam estar compondo essa chapa, mas o prefeito decidiu por mim. Mas eu não tenho medo de encarar desafios. Esse convite é sinal que me destaquei em um setor que é problemático não só em Rio Bonito, mas no país inteiro: a saúde.
FA – Por todos os grupos políticos, o senhor era considerado um candidato eleito. Dentro do seu próprio grupo político, as pessoas afirmam que o senhor está “trocando o certo pelo duvidoso”. Qual a sua análise sobre isso?
MN – Quando fazemos aquilo que acreditamos, as mudanças acontecem de forma natural. Eu não vivo da política e não dependo dela para sobreviver. Participo da política contribuindo como cidadão. Creio que como vice-prefeito a minha colaboração será mais abrangente do que na Câmara de Vereadores.
FA – Na convenção do Democratas (DEM), o senhor disse que aceitou o convite porque “pensou no grupo”. Mas esse “grupo”, sobretudo no primeiro escalão, às vezes demonstra divisão. Já soubemos de alguns episódios de ciúme, inclusive envolvendo o seu nome. Como o senhor vê essa situação?
MN – O ciúme é natural em todo local. Mas eu percebo que o prefeito privilegia as pessoas pelo trabalho que elas desenvolvem. O prestígio que eu obtive com ele foi pelo meu trabalho e dedicação à comunidade riobonitense.
FA – O senhor disse também, que “temos consciência que há muito a fazer”. Os grupos de oposição dizem que o prefeito não fez quase nada nesses três anos. Essa fala não fortalece esse discurso?
MN – Eu falei isso em dois aspectos. Primeiro: todos nós buscamos melhorar a cada dia. Segundo: nós estamos pensando em uma reeleição com renovação. Ou seja, existe um fator novo nessa disputa que se chama Matheus Neto. É bom saber que existia muita expectativa em torno do atual vice-prefeito, mas ele ficou aquém do esperado. Então, o prefeito montou uma chapa que trás a continuidade de ações e serviços que estamos prestando, com uma dose de renovação em áreas que precisam ser melhoradas.
FA – O prefeito José Luiz Antunes rompeu com os vices-prefeitos de seus dois mandatos (Zadinho e Aires Abdalla). Em caso de vitória, como será sua história?
MN – Eu não posso falar do prefeito e suas relações passadas. Mas eu posso falar do presente. E tenham certeza, a minha relação com o prefeito é muito boa e a confiança que ele tem em mim é fruto do meu trabalho. Nesses três anos de relação com o prefeito, construímos uma relação sólida, baseada no meu caráter e no meu trabalho. Além disso, eu tenho consciência que eu não sou o prefeito. Esse papel cabe a José Luiz. O pensamento é somar as minhas idéias com as dele para revolucionar ações que precisam de destaque, mas sempre sabendo que eu sou um braço.
FA – Presente na convenção do PR, que confirmou o nome de Reis como candidato a prefeito, o deputado estadual Paulo Melo (PMDB) criticou duramente o prefeito José Luiz. Ele disse: “Rio Bonito precisa de um prefeito que busque recursos do Estado, pois esse que está aí desconhece isso”. Já em outra oportunidade, o também deputado Marcos Abrahão (PSL), afirmou que nunca foi sequer visitado pelo prefeito na Alerj. Como o senhor vê essas afirmações?
MN – Infelizmente no meio político existe muita demagogia. As obras do Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios (PADEM), por exemplo: quanto tempo o prefeito está tentando continuar essa obra, que é bom destacar, foi iniciada na administração passada? Tenho certeza, que outro prefeito não terminaria as obras que outra administração não conseguiu concluir. Eu sei que buscar recursos estaduais e federais é uma das prioridades de José Luiz. Além disso, quando ele sofreu o atentado em agosto de 2006, faltou um vice para auxiliá-lo naquele momento difícil. Mas os deputados só mandam recursos se for pedir? Por quê?
FA – Na última reunião itinerante da Câmara de vereadores (26/06), no Parque Andréia, o vereador Jorge Brandão, que é médico, disse que foi afastado das suas funções na localidade por “perseguição política”. Ele criticou a falta de médicos nos postos de saúde e afirmou que “o atual governo não prioriza a saúde”. Como o senhor analisa essas declarações?
MN – A saúde de Rio Bonito não recebe a atenção que merece em relação a qual outro município da nossa região? Estamos deficientes em relação a Silva Jardim, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo? Deficiências existem, mas principalmente por culpa dos repasses estaduais e federais que são irrisórios. Por isso, fico feliz pelo prefeito ter escolhido alguém com experiência na área da saúde para ser o seu vice. Acho que criticar fora da gestão dos recursos é muito fácil. As pessoas esquecem que muitos moradores dos municípios vizinhos vêm para Rio Bonito em busca de atendimento. Sobre o afastamento do vereador, eu não posso falar porque esse não era o meu setor. Mas a comunidade não ficou desassistida.
FA – Na mesma ocasião, o presidente da Câmara, Carlos Cordeiro Neto, o Caneco, declarou que “pessoas maldosas tentaram jogar a Câmara contra a população do Parque Andréia. Agora que a verba do PADEM está aprovada, esperamos que as obras sejam concluídas num curto espaço de tempo”. O senhor sabe quando essas obras serão retomadas?
MN – Se levarmos em conta o tempo que essa obra ficou parada, aguardando o parecer da Câmara, eu não tenho dúvidas que o cronograma de execução delas foi prejudicado. Vejo também por parte da Câmara alguma demagogia. Por que essa matéria só foi aprovada quando a comunidade estava diante da Câmara? Afinal, por várias seções, a matéria estava na Casa para ser votada, e isso não aconteceu. E eles só votaram porque houve um clamor popular. Se o parecer foi favorável e por unanimidade, porque não aprovaram há mais tempo? Para quem não sabe, o recurso estava há muito tempo na conta do município.
FA – Durante a convenção do PSL, onde a candidatura de deputado Marcos Abrahão foi confirmada, ele teria afirmado que “não podemos continuar com um açougueiro tomando conta da nossa saúde”, numa referência ao assessor especial Jerônimo Dias. Qual o seu comentário?
MN – No início do governo, a saúde foi entregue a um grupo de pessoas e não a Jerônimo, que tem trabalhado e se dedicado. Ele, como todos nós, têm limitações. Jerônimo não é responsável por toda a Secretaria de Saúde, mas contribui bastante. Eu fico triste, porque nesse momento os críticos vêem apenas os defeitos e esquecem as qualidades. Durante essa gestão construímos PSFs, o Posto de Saúde de Jacundá, o Centro Administrativo, na Praça Cruzeiro, as praças, entre outras obras. Digo, com sinceridade, que fico feliz quando vejo o dinheiro dos meus impostos serem utilizados para trazer melhorias aos munícipes. Reconheço que algumas críticas nos orientam onde precisamos melhorar, mas têm aquelas que não contribuem para nada. Esse é o grande diferencial da minha união com o prefeito. Enquanto ele vai pensando e realizando as obras -- o que faz muito bem –, eu vou me dedicando à saúde e ao bem-estar social da população. Pena que os dois deputados do nosso município estão querendo renunciar a seus mandatos para voltar. Eu pensei diferente. Abri mão da minha candidatura de vereador, pensando no melhor para Rio Bonito.
FA – A prefeitura tem contrato com uma firma de locação de veículos chamada Siqueira Rodrigues. Essa empresa recebe anualmente, R$ 500 mil dos cofres públicos. O senhor tem alguma relação com essa empresa?
MN – É interessante a quantidade de acusações que surgem contra mim ao longo da minha trajetória no governo José Luiz. Quero avisar que a casa onde moro e o carro que eu ando, são os mesmos de quando entrei na prefeitura. No ano passado, minha esposa e eu, em companhia da minha mãe e meu padrasto fomos à Europa. Os custos da viajem foram financiados pela minha mãe, mas um jornal chegou a sugerir que os gastos do passeio foram pagos pelos cofres públicos. Isso me entristece, mas faz parte do processo democrático. E a tendência é piorar!
FA – É verdade que o RX do Ambulatório Municipal ficou quebrado durante um ano e foi concertado recentemente?
MN – O RX do Ambulatório de Boa Esperança (Esperanção) está em perfeitas condições de funcionamento. Em relação ao aparelho antigo do Ambulatório Loyola, está parado porque nós aguardávamos recursos do governo federal para construir um Pronto Socorro municipal. Isso foi promessa de campanha do governo. Mas ficou só na promessa. Por isso, ficou inviável investir na construção de um ambiente para colocar um aparelho de RX, porque esperávamos a ampliação de toda unidade pelo governo federal. O interessante, é que muita gente diz que pretende trazer recursos para Rio Bonito, mas quando o recurso está pronto para sair ninguém se empenha em ajudar a buscar.
FA – A deputada federal Solange Almeida disse que “há alguns dias, a prefeitura não teve coragem de colocar em uma unidade particular, uma criança que caiu da cama e ficou hospitalizada
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