19/01/2010 21:45:45
Flávio Azevedo
Convidado para participar da solenidade de posse dos conselheiros tutelares de Rio Bonito, na tarde do último dia 4 de janeiro, o padre Eduardo Braga, aproveitou a ocasião e deixou algumas orientações para os conselheiros, para as autoridades e, sobretudo para as famílias. Depois de pedir para deixar o coração de pastor falar, o sacerdote disse que uma das preocupações dos conselheiros tutelares deve ser o envolvimento das crianças com os vícios. “Devemos ficar atentos, sobretudo com o álcool, um dos hábitos mais comuns nas localidades do interior. As barracas, e como as crianças estão envolvidas nesse meio, deve ser motivo de reflexão”, comentou.
Demonstrando preocupação com a sociedade riobonitense, o pároco reconheceu que o Conselho Tutelar não faz o papel da família, mas lembrou de dois problemas sociais que não é discutido como deveria. “Nós estamos vivendo um momento de desintegração das famílias e nas escolas a situação também é delicada. Tudo isso tem que ser pensado”, analisou. Segundo o padre, ele vê o trabalho dos conselheiros como um braço de articulação que pode atuar junto da família, da escola, das igrejas e das instituições.
Acidentes de trânsito
O número de acidentes de trânsito envolvendo adolescentes também foi abordado pelo padre Eduardo Braga. “Eu quero comentar outras coisas que acontecem no município, por exemplo, o número de acidentes com adolescentes em meios de transportes, sobretudo nessas motos. Isso é algo que deve ser pensado, porque todo fim de semana nós somos chamados para ir à Unidade Intermediária (UI) do Hospital Regional Darcy Vargas, ou ao cemitério”.
O sacerdote acredita que essa situação deveria ser pensada e debatida com mais frequência. “A inconsequência do que acontece na Sete de Maio, às vezes envolvendo pré-adolescentes... Eu não sei... Não tenho conhecimento de causa, mas quem é responsável por fiscalizar quem circula de moto sem capacete? Nós precisamos pensar nisso”, comentou.
Drogas, sexo e pedofilia
Depois de externar a sua preocupação com os acidentes de trânsito, Dudu, como o padre é chamado carinhosamente pelos fiéis, voltou a comentar a questão das drogas e a sua utilização pelos adolescentes. “Em qualquer lugar eles são os principais alvos. Na Serra do Sambê, na Praça Cruzeiro, nas nossas praças, publicamente... Nós não queremos soluções imediatas para tudo, como se fosse um passe de mágica, mas vejo que os conselheiros podem articular com os poderes estabelecidos debates sobre esse tema”.
A pedofilia e os abusos sexuais, que pouca gente gosta de abordar e, inclusive, alguns tentam se enganar dizendo que não existem em Rio Bonito, foram assuntos também destacados pelo pároco. Demonstrando preocupação, o sacerdote comentou um fato que apesar de ser de domínio público, “não houve pronunciamento por parte de ninguém”.
– Há pouco tempo, há quase dois anos, aconteceu uma coisa triste no município. O frentista de um posto as margens da BR – 101 filmou crianças fazendo sexo dentro do banheiro público. Foi um vídeo que, praticamente, toda a cidade viu. Foi vendido na feira por R$ 5,00. Eram imagens de crianças nossas que foram expostas – lamentou.
O pároco também falou a respeito das pulseiras do sexo e deixou outro alerta: “e se isso já chegou a nossas escolas? Nós temos que de alguma maneira tutelar as nossas crianças diante dessa promiscuidade sexual”. Concluindo, padre Eduardo disse que os desafios são muitos e lembrou que a Casa da Criança, também merece uma atenção especial. “No que for possível contem comigo, mas eu espero que vocês recebam, nessa tarde, o apoio de todos, porque só assim nós teremos um município melhor”.
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