18/01/2010 21:44:33
Flávio Azevedo
Depois de empossar os cinco novos conselheiros tutelares de Rio Bonito, no último dia 4 de janeiro, o prefeito José Luiz Antunes (DEM), conversou com a reportagem da GAZETA. Ele falou sobre o desafio dos novos conselheiros, respondeu algumas críticas sobre a estrutura do órgão e comentou as declarações da deputada federal Solange Almeida (PMDB), que em resposta ao deputado Marcos Abrahão – ele disse que ela não estaria fazendo nada por Rio Bonito – declarou que as cinco pendências da Prefeitura Municipal com o CALC – espécie de malha fina para os municípios – impedem que o município receba recursos federais.
O chefe do Executivo também comentou a situação dos desabrigados vitimados pelas chuvas do último verão, analisou as observações do deputado Marcos Abrahão sobre a sua forma de administrar o município e refletiu sobre as críticas que tem recebido por parte da sociedade e da imprensa local. Ao contrário de outras oportunidades, a nossa reportagem encontrou um prefeito bem humorado, que ironizou algumas perguntas e alguns adversários políticos.
O Conselho e sua estrutura
Para o prefeito, a responsabilidade dos conselheiros tutelares é muito grande, “tanto é, que eles participaram de um processo eleitoral, foram eleitos pelo voto do povo como aconteceu comigo e, por isso, nós temos que retribuir a confiança da população com trabalho”. Ele reconheceu que a cidade tem problemas com as crianças, com os jovens, mas ressalta que isso não é uma particularidade de Rio Bonito. “Em toda cidade isso acontece, mas o que importa é a dedicação, o trabalho e a vontade de fazer o melhor”. José Luiz prometeu que a Prefeitura dará o suporte necessário para que o grupo de conselheiros tenha um bom desempenho.
Em entrevista ao programa “O Tempo em Rio Bonito”, da rádio Sambê FM (98,7), alguns conselheiros da última legislatura criticaram a estrutura do órgão e pediram mudanças para uma melhor atuação. O prefeito destacou que o município paga o aluguel do imóvel, telefone 24h, disponibiliza dois carros (um gol e uma Kombi) – ficam a disposição da instituição diariamente, nos fins de semana, nos feriados – e fez um alerta: “mas isso precisa ser bem administrado!”. Sobre o Conselho Tutelar ser alocado na Secretaria de Educação – outra situação debatida no programa – José Luiz disse que “para mim tanto faz, o importante é fazer o trabalho corretamente. Na educação estão os alunos da rede municipal, mas o órgão também atende as redes privada e estadual”.
Débito com o CALC
De acordo com o prefeito, “esse débito com o CALC realmente existia, mas conseguimos resolver essa pendência neste fim de ano. O problema era o Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Rio Bonito (Iprevirb), que já foi solucionado e entramos o ano de 2010 sem dever nada ao governo federal”. (mas as pendências não são cinco?) José Luiz confirmou que recebeu o ofício da deputada Solange Almeida, informando a sua dificuldade de trabalhar pelo município, por causa da inadimplência com o CALC. “Mas isso é assim mesmo, hoje está devendo, amanhã já não está, no outro dia está devendo outra vez”, analisou o prefeito.
O chefe do Executivo aproveitou a ocasião para dar uma alfinetada na adversária política. Ele destacou que outros deputados estão liberando verbas para o município, “mas é só a nossa representante, eleita com um grande percentual de voto dos riobonitenses, que não consegue trabalhar. Ao contrário dela, outros parlamentares, alguns que não tiveram um voto sequer em Rio Bonito estão ajudando bastante o município. Para mim isso não é estranho, porque eu já conheço a pessoa”. De acordo com o prefeito, o município vai iniciar uma obra de pavimentação do centro de Tomascar com recursos que foram liberados através de um deputado federal. “Hoje, nós estamos aguardando a liberação de 10 convênios que estão na Caixa Econômica Federal. Todos eles são frutos do trabalho de deputados”.
Desabrigados
Sobre a licitação que aconteceria no dia 30 de novembro para escolher a empreiteira que iria construir os apartamentos que podem ser doados aos desabrigados, o prefeito explicou porque a licitação não aconteceu. “Algumas empresas que iam participar do processo licitatório tinham pendências documentais e foram reprovadas pela Comissão de Licitação, mas nos próximos dias isso deve estar resolvido”. Questionado quanto ao tempo para o início e término das obras, o prefeito declarou que a sua expectativa é começar nos próximos dias e concluir em seis ou oito meses, prevê.
Sobre a recuperação de ruas que estão em péssimas condições, o prefeito respondeu com uma argumentação, uma queixa e uma critica. “As cobranças existem, mas dentro da administração pública as coisas são muito demoradas. Rio Bonito sofreu a sua primeira tragédia no dia 25 de novembro. Outros problemas aconteceram, nós ficamos em situação de emergência, o Ministério da Integração foi informado, mas o único recurso que nós recebemos até hoje foi o R$ 1 milhão doado pela Alerj, que está aplicado no banco e será utilizado na construção dos prédios”, lamentou.
O prefeito comentou que o vice-governador conseguiu três contenções de encostas para o município, no Bosque Clube, na Cidade Nova e no Centro da cidade, “mas foi só isso. O Formulário de Avaliação de Danos (Avadam), feito pela Defesa Civil do município e do Estado, cumpriu com todas as exigências e mostrou que precisávamos ter R$ 18 milhões para resolver os nossos problemas, mas só conseguimos a liberação de R$ 3,5 milhões do governo do Estado”.
Como foi dito pelo deputado Marcos Abrahão, os locais que vão receber os investimentos do governo do estado são determinados pela prefeitura, mas segundo o prefeito, “o estado só liberou recursos para serem gastos com pavimentação. Apesar de conhecer as nossas carências, o estado não liberou nenhum recurso para construção, apenas para pavimentação”.
Ironia
Sobre a crítica feita pelo deputado Marcos Abraão, que disse não ser possível sentar com o prefeito para dialogar, o prefeito ironizou: “Quem quer trabalhar não precisa sentar. Trabalha em pé. Eu aprendi a trabalhar mais em pé do que sentado. Isso é desculpa e conversa fiada! Ele não participou de nada e agora está colando placa nos projetos que estão sendo realizados. O deputado anda falando de enchente, mas eu quero saber na casa de qual pobre coitado ele entrou na época das tragédias?”. Concluindo, o chefe do Executivo deixou um recado para os adversários políticos: “eu não tenho dificuldade de conversar com ninguém, mas a conversa comigo em pé mesmo, porque eu, só trabalho em pé”.
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